3.9.13

A alegoria

"A única razão de inserirmos nesse ponto de nossas considerações um estudo a respeito da alegoria é o fato de confundirmos frequentemente esse conceito com o de símbolo.

A alegoria consiste em uma representação puramente figurativa. Geralmente é empregada como uma personificação de conceitos abstratos, com o objetivo de conferir uma ilustração pictórica e concreta a ações extraordinárias, situações excepcionais ou qualidades surpreendentes. A maioria das figuras alegóricas da cultura ocidental provém da mitologia greco-romana e é dotada dos chamados atributos. A combinação da figura histórica com o objeto carregado de significado simbólico resulta numa expressão abstrata e de fato alegórica. Sendo assim, a forma feminina alada, por exemplo, simboliza em geral a vitória e a liberdade, enquanto o chifre cheio de frutas é uma alegoria para a riqueza e a abundância. A figura da justiça, uma forma feminina de olhos vendados, segurando uma espada com uma mão e uma balança com a outra, não é simplesmente um símbolo ou uma conexão entre o mundo visível e outro invisível, mas uma imagem alegórica de um fato real.

Essa figura é uma representação típica de formas alegóricas da mitologia ou da religião. Dos centauros à estátua da liberdade, passando antes pelas sereias, há inúmeros exemplos que podem ser mencionados.

No século XX a tendência a tomar as figuras antigas como um modelo para imagens alegóricas praticamente se perdeu por completo. Hoje, novas formas passam para o primeiro plano. Silhuetas de super-heróis de todo tipo, conquistadores do espaço rodeados de escravos robôs, entre outros, provavelmente serão os novos modelos da expressão alegórica do futuro."


Vide V de Vingança. Está aí um pensamento teórico sobre ao conceito de alegoria. Um termo/tema pouco usado ou discutido durante o meu curso de design, mas que com certeza renderia debates estimulantes.

[trecho retirado do livro "Sinais & Símbolos", de Adrian Frutiger]

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