Há uns meses venho lendo o livro "Textos clássicos do design gráfico", organizado por Michael Beirut, Jessica Helfand, Rick Poynor e Steven Heller. O livro, cujo título original é "Looking Closer, book 3: Critical writings on graphic design", foi publicado no Brasil pela WMF Martins Fontes em 2010.
Infelizmente, tive que interromper a minha leitura há algumas semanas por estar me sentindo estagnado. Precisei dar um tempo em qualquer leitura relacionada a design, para me dedicar aos meus outros interesses, o que só agora começa a ter efeitos sobre meu estado produtivo.
Digo infelizmente, pois o livro é absurdamente enriquecedor: trata-se de uma reunião de ensaios variados, datando desde 1893, sobre o design gráfico em suas variadas formas: projeto de livro, tipografia, arte publicitária, cartazes, filosofia estética... As opiniões presentes nos textos reunidos ali são muito relevantes e provocam o pensamento de qualquer um que esteja meramente ligado à área. Mesmo as opiniões mais antigas. Os manifestos apaixonados, críticas ferrenhas e ideais formulados, incitam qualquer designer a impor sua personalidade e procurar suas próprias opiniões.
Como disse antes, ainda não terminei sua leitura, mas pretendo fazê-lo em breve. Mesmo tento que enfrentar o terrível projeto de diagramação utilizado pela WMF Martins Fontes.
Enquanto a capa do livro, projetada habilmente pela Casa Rex, se mostra bastante bonita, interessante, criativa, com personalidade e mais um monte de outros bons adjetivos que podem ser usados em um projeto de capa de livro, o miolo do "Textos clássicos..." não apresenta o mesmo vigor. Aliás, muito pelo contrário. Possui um aspecto enfadonho tão tremendo, que às vezes me sinto lendo instruções para um aparelho complexo demais, ao invés de algo sobre minha área de preferência.
O texto está apinhado até onde o papel permite, não há margem alguma, muito menos espaço para os polegares se firmarem no livro. A tipografia utilizada, uma transicional que possui entrelinha apenas o suficiente para respirar, não condiz em absolutamente nada com a proposta moderna da capa. E por esse motivo, só posso julgar que dois times completamente diferentes e incomunicáveis fizeram um, o projeto de capa, e outro, o miolo.
O texto está apinhado até onde o papel permite, não há margem alguma, muito menos espaço para os polegares se firmarem no livro. A tipografia utilizada, uma transicional que possui entrelinha apenas o suficiente para respirar, não condiz em absolutamente nada com a proposta moderna da capa. E por esse motivo, só posso julgar que dois times completamente diferentes e incomunicáveis fizeram um, o projeto de capa, e outro, o miolo.
Não precisa estar relacionado à área para perceber o problema: vários amigos, mesmo sem que eu apontasse meu descontentamento, comentaram sobre a quantidade de texto em uma página, ao me observar lendo-o.
Talvez aí esteja o maior problema: como um livro especificamente direcionado à área do design gráfico pode cometer um tamanho descaso com seu projeto? Imagina-se, de início, que por tratar justamente de design (e por ter uma capa tão primorosa), um cuidado especial com o projeto do livro tenha sido tomado. Afinal, o público de tal publicação é exigente nesses aspectos.
Antes de escrever esse texto sobre o meu descontentamento com o projeto e diagramação do miolo do livro, enviei dois e-mails para a editora responsável. Não obtive nenhuma tipo de resposta, nem ao menos uma desculpa ou justificativa automática. Quando enviei um outro e-mail, perguntando por qual canal de comunicação seria possível fazer sugestões e críticas, fui prontamente respondido por uma simpática mensagem me informando que através daquele mesmo endereço eletrônico era possível fazer o que pretendia. Quando respondi, agradecendo a prontidão da resposta e apontando a minha insatisfação com o produto, mais uma vez fui ignorado.
O "Textos clássicos..." custava, no seu lançamento, R$75,00. Considero um livro bastante caro. Ainda hoje, em sites de e-commerce populares como o Submarino.com e Livraria Cultura, ele mantêm o mesmo preço.
A única conclusão possível que tirei com essa experiência foi a preocupação única com a venda demonstrada pela WMF Martins Fontes.
Uma pena. Um livro tão rico merecia, pelo menos, uma casa mais cuidadosa.
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