"Morno espírito, outrora afeito à luta,
a esperança que um dia instigou teu ardor,
não quer mais cavalgar-te! E dorme sem pudor,
velho cavalo a quem mesmo a planície é abrupta.
Dorme, meu coração! E em sonolência bruta!
Espírito vencido! Ao velho salteador
não tem mais gosto o amor, nem tampouco a disputa;
voz da flauta ou clarim ora ninguém escuta!
Prazeres, não teneis quem é tédio e topor!
A adóravel primavera já perdeu seu odor!
Engole o tempo enfim a vida diminuta,
tal como a um corpo rijo a neve só brancor.
Eu vejo do alto o globo curvo a se compor,
e não procuro mais o abrigo de uma gruta!
Leva-me contigo, avalanche que enluta!"
o gosto do nada(LXXXIII), de Baudelaire.
Terminei de ler "As Flores do Mal", de Charles Baudelaire no dia 04 de agosto de 09, às 2:13 da manhã. Mais de um ano depois de ter começado a lê-lo.
[05.08.009, é uma sensação muito boa poder olhar para trás e ver que eu não me sinto nada como quando escrevi esse texto]
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