Conheci o trabalho da artista japonesa Yayoi Kusama há alguns anos através de um programa na TV. Não lembro agora por que o trabalho dela estava sendo comentado, mas nunca consegui tirar as instalações da artista, repletas de polka dots, da minha cabeça. Se tratava da Dots Obsession, uma série de instalações onde Kusama preenchia espaços com formas oblíquas, e revestia tudo em padrões de bolinhas. Já seria visualmente estonteante apenas pela ideia, mas ela ainda usava combinações de cores bastante contrastantes. Lembro que gostei principalmente por ser uma outra forma de aproximação à pop arte, um dos estilos que mais me influenciaram quando comecei a me interessar pelo assunto. No entanto, não me aprofundei muito mais sobre os seus outros trabalhos e devo ter imaginado que eles não variariam muito daquilo que vi. Isso é bastante comum com artistas da pop arte que acabam tendo sua produção limitada por um estilo bastante autoral do qual não conseguem fugir, como acontece com Roy Lichtenstein ou Keith Haring, por exemplo.
Recentemente, pude ler a publicação da Tate Publishing sobre sua obra. A famosa galeria de Londres realizou um retrospectivo do trabalho da artista japonesa e está abrigando uma das maiores exposições sobre Yayoi na Europa. O livro é resultado dessa exposição. A partir dele pude conhecer melhor o trabalho que, pra minha surpresa, data desde os anos 50, passando por diversas fases.
Kusama tem um estilo próprio marcado pela obsessão e repetitividade de elementos como pontilhados, polka dots, e padrões de rede. Esses foram reaplicados à exaustão e se transformaram ao longo do tempo em suas marcas gráficas, as quais ela recorreu sempre na sua carreira. Mas não se resume a isso, pois sua produção é muito boa desde o começo, com pinturas abstratas que flertavam com o surrealismo. E não é só: happenings, instalações, esculturas... Kusama procura experimentar tanto com a forma, como com os materiais. Desde o começo ela produziu pinturas em aquarela, pastel, guache, têmpera...
Dentre suas fases, além das pinturas mais surrealistas e das instalações Dots Obsession, eu gosto muito da série Infinity Net Paintings. Trata-se de pinturas de proporções exageradas onde o padrão de rede toma toda a extensão do quadro. Repetindo de maneira quase obsessiva um leve toque do pincel e um gesto curvo do pulso, ela cria o padrão de rede infinita ou infity net, gerando essas pinturas incríveis, tanto visualmente quanto interpretativamente.
Além disso, a produção mais recente da artista continua a impressionar... as suas instalações que utilizam espelhos e luzes, conhecidas como Infinity Mirror Rooms, mantém a temática da repetição, obsessão, padrões e infinitude, se aproximando muito do psicodélico e alucinógeno.
O livro "Yayoi Kusama"(2012), da Tate Publishing, é uma ótima maneira de conhecer a extensão do trabalho da artista que continua ativa, mesmo com seus 83 anos e morando voluntariamente num hospital psiquiátrico desde 1977. Se não dá pra ir à exposição na Tate Modern (que, aliás, fica em cartaz só até dia 5 de Junho), pelo menos com o livro já dá pra sentir um pouco do feeling do trabalho da artista.
Ou, mais fácil ainda: procure por "Yayoi Kusama" no Google Images. Certeza que vale muito à pena.
Ou, mais fácil ainda: procure por "Yayoi Kusama" no Google Images. Certeza que vale muito à pena.
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