24.3.12

Okupa!

Com a repercussão do movimento Occupy, iniciado em Nova York com o Occupy Wall Street, algumas pessoas realmente pararam para repensar a sociedade atual. Os conceitos capitalistas que já se provaram, várias vezes nas últimas décadas, autodestrutivos foram postos em questionamento e repensados, ao meu ver, de uma maneira mais inteligente e adaptativa do que qualquer outra que se tenha tentado antes.

Talvez por isso somente agora eu tenha entrado em contato com o termo okupa, ou squat em inglês. Trata-se de um conceito anárquico e libertário que propõe a ocupação (daí o nome) de uma propriedade abandonada ou em construção, principalmente em casos de deterioração urbana. O que difere um squat de uma invasão e ocupação comum é que ele não tem um propósito social definido, nem luta por uma reinvidicação política específica. Além disso, nesse tipo de prática os prédios são totalmente coletivizados, sendo aberto à população. É uma prática mais comum em áreas urbanas justamente por isso.

A maioria dos okupas são criados por necessidade de moradia de um grupo de pessoas que decide coletivizar aquele espaço abandonado. No entanto, existem muitos okupas que funcionam como rádios piratas, cafés ou ponto de encontro de artistas, por exemplo.
Lendo um artigo sobre o designer de moda Gareth Pugh, descobri que ele fez uso da prática por um tempo antes de chegar ao sucesso que tem hoje. A okupa era uma ginásio abandonado que foi transformado em estúdio, onde vários projetos, tantos dele quanto de artistas e amigos estavam em andamento.

Sobre o símbolo do movimento, elemento que mais me chamou atenção de fato, consegui encontrar muito pouco referencial. Aplicações criativas são muito comuns de se ver pela internet, mas achei pouca coisa sobre a sua origem ou história. No entanto, não é difícil de entendê-lo como algo bastante agressivo. Ele é composto por um círculo trespassado por uma seta ascendente, que em seu meio tem uma brusca oscilação, lembrando um raio.

Simples, reconhecível e facilmente aplicado através de estêncil ele é ideal para o que se propõe. No entanto a agressividade de sua leitura, me incomoda, particularmente. Talvez pelo fato de, ao ser concebido, o conceito okupa tivesse sim um proposta extremamente agressiva. No entanto não é difícil trabalhar esse conceito para aplicá-lo pacificamente em situações de benefício social. Um exemplo é o projeto Porto Abandonado, de Portugal, que utilizou o conceito, e principalmente o símbolo, como um lembrete para a importância histórico-cultural dos casarões abandonados em Baixa do Porto.

Agressivo ou não, o desenho faz sentido e permite diversas leituras. A seta pode muito bem lembrar um S (de squatting) ou ainda como um movimento, ação, que passa por algo estático e em repouso (o círculo). Gerando movimentação e ascendendo em seguida, como se disesse que no fim, o intuito é sempre melhorar a situação atual.

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