No último fim de semana fiz uma viagem à Brasília para assistir as palestras do Diatipo DF. Resolvi aproveitar para conhecer a capital federal, já que a minha última visita aconteceu há muitos anos atrás, além de fazer parte do evento, que vem ganhando notoriedade não só entre os fãs de tipografia mas entre designers em geral.
A programação de palestras era realmente tentadora: Dino dos Santos da DS Type Foundry, Elaine Ramos da Cosac Naify, Alceu Nunes da Editora Abril, Fábio Haag da Dalton Maag, o pessoal da Tátil Design que elaborou a identidade dos jogos olímpicos de 2016, entre outros. Ou seja, muita gente que estava desenvolvendo trabalhos recentes bastante interessantes, ligados às áreas de identidade visual e corporativa e editoração. Na minha opinião, essas são áreas chave no campo de trabalho do designer gráfico.
As palestras aconteceram no sábado, dia 27 de Agosto, no auditório da Faculdade de Tecnologia da UnB e foram divididas em duas etapas: pela manhã o tema central foi identidade corporatva e o papel da tipografia nisso tudo, e durante a tarde foi a editoração (com uma palestra tratando de jornal, outra de revista e outra de livro).
De início, as palestras me surpreenderam pouco. Havia muita apresentação de portifólio e pouca discussão de ideias. Me pareceu inclusive que, em dados momentos, a tipografia ficava de lado.
Mas isso foi só a primeira impressão. A discussão de ideias estava muito mais implícita naqueles casos de estudo tão interessantes, que sempre traziam problemas que qualquer designer pode se deparar durante a vida profissional. Houve por exemplo, o Fábio Haag que discutiu como deixar uma tipografia mais elegante, usando o caso d'O Boticário como exemplo. Ou o Eduilson Coan, que propôs uma nova programação visual para o jornal Estado do Paraná e comentou a importância de sensibilização dos funcionários de uma organização com relação ao design. E ainda o Alceu Nunes que mostrou como foi refinando o repertório de tipografias da revista VIP, tudo isso em meio à pressão corporativa e prazos apertados, comuns em publicações como esta.
Outra palestra que mereceu destaque, na minha opinião, foi a de Elaine Ramos. Trabalhando na editora Cosac Naify, com um departamento de arte invejável e cuidando de projetos de livros cujos títulos foram selecionados cuidadosamente, ela possui uma espécie de trabalho dos sonhos de qualquer designer gráfico. A Cosac Naify realmente procura inovar trabalhando num nicho editorial que ainda é muito pouco explorado no país, mas que tem tudo para crescer bastante. Os projetos gráficos, muitas vezes utilizando técnicas experimentais, valorizam o conteúdo, dando um outro significado ao livro como objeto.
Por fim, o designer de tipos português Dino dos Santos, falou um pouco sobre o trabalho que ele desenvolve, trabalhando exclusivamente com tipografia para clientes como a Electronic Arts, New York Times Magazine, a revista Dazed & Confused, entre muitos outros.
O Diatipo DF foi basicamente isso: muitos trabalhos variado e bem sucedidos, que serviram para pontuar o que vem sendo desenvolvido de mais interessante recentemente, sempre se baseando pelo trabalho tipográfico. Inserir as minhas ideias pessoais nesse meio foi bastante renovador.
p.s.: Duas notícias quentes: o Diatipo Natal desse ano acontecerá no dia 10 de Dezembro, em SP, e terá como tema o ensino de tipografia; Elaine Ramos juntamente com Chico Homem de Melo desenvolveram, nos últimos três anos, um livro de história do design brasileiro. Essa publicação muito provavelmente sairá em Novembro desse ano, segundo a própria Elaine.
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