Terminei de ler, depois de mais tempo do que imaginei, o livro "A Interação da Cor", de Josef Albers. Ele já me havia sido recomendado por colegas e um professor, e como nos últimos meses senti a necessidade de ler algo mais sobre cor, decidi escolhê-lo. Para minha surpresa ele vai além da teoria da cor. Na verdade, o livro nem trata dela, absolutamente. O que ele propõe é uma maneira de estudo da percepção de cor, orientada totalmente pela experimentação.
Albers é um dos professores de arte mais influentes do século XX. Ele ensinou na Bauhaus desde 1923 até 33, quando o regime nazista fechou a escola. Lá trabalhou principalmente no atelier de vidro, junto com Paul Klee. Depois, mudou-se para os Estados Unidos onde continuou o trabalho de artista e principalmente de professor. Foi nessa carreira extensa que ele foi desenvolvendo novas formas de ensinar arte e, consequentemente, descobrindo novos meios de interpretá-la.
A interação da cor é na verdade um resumo dos anos de experimentação como professor juntamente com seus alunos. Reunindo, assim, descobertas, teses e experimentos que eram realizados e comprovados em sala de aula. E são resultados bastante surpreendentes que vão além do básico que qualquer estudante de arte/design estão acostumados a ler em livros sobre teoria da cor. O livro trata apenas da relação entre as cores e de como esse processo altera a nossa percepção delas. A isso ele dá o nome de interação da cor.
Os resultados são de fato muito interessantes e acaba servindo muito mais para treinar o olho e nos permitir ousar mais no uso das cores do que qualquer uma das regras de cor que já estudei. Achei o conteúdo do livro tão importante e revelador que acredito que a interação da cor seria um tópico interessante para ser discutido no ensino fundamental da arte, com pouca profundidade obviamente. Serviria muito mais para deixar claro, desde cedo, o quanto a cor é relativa e o quanto a nossa percepção pode nos enganar, revelando ou ocultando elementos.
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