21.8.14

AGI Open São Paulo 2014

Tive o imenso prazer de estar entre a plateia do Auditório Ibirapuera na última segunda e terça-feira, como parte do público do AGI Open São Paulo 2014. Trata-se de uma conferência realizada pela Alliance Graphique Internacionale, uma associação de designers gráficos que possuem relevância internacional nos trabalhos que fazem. O evento - sem fins lucrativos - visa promover a cultura gráfica de maneira aberta e acontece todos os anos em países diferentes. Em 2014, o Brasil teve a responsabilidade de recebê-lo e a honra de ser o primeiro país da América do Sul a realizar um evento da AGI.

Traduzir aqui o quão inspirador foi ver colegas talentossísimos de várias partes do mundo, exibindo seu trabalho de maneira honesta e apaixonada vai ser impossível. Posso apenas descrever momentos marcantes, vividos nesses dois dias de muito enriquecimento. 

A começar com Marina Willer, a curitibana responsável por iniciar a rodada de palestras também foi a mesma responsável pela configuração gráfica das identidades da Oi e do Tate Modern, por exemplo. Desnecessário dizer que ela é tão cheia de vida e energia como os projetos que concebe. Ela falou sobre as possibilidades do acaso e do descontrole natural da vida como forma permanente de inspiração.

Inspirador também foi conhecer a trajetória do designer Niklaus Troxler com seus cartazes carregados de jazz, e a experimentanção digital de Jan Wilker, seus projetos recusados e o cotidiano de um estúdio de design de Nova York. Que, ao contrário do que pode parecer, é bem parecido com qualquer outra realidade do cotidiano de um profissional design. Entre os palestrantes também estava Guto Lacaz, responsável por mais uma deliciosa fala onde comentou assuntos tão diversos quanto o seu conhecimento: Santos Dumont, a Popular Mechanics, intervenções urbanas, palíndromos… enquanto costurava essa miríade de assuntos com seus próprios projetos.

Ideias abrangentes sobre aplicações sociais do design gráfico, visando melhorar diretamente a qualidade de vida através da sinalização foi o tema do francês Ruedi Baur. E o que dizer da expressão gráfica espontânea e ancestral de Max Kisman? Ou ainda da liberdade projetual quase inocente - e do amor pela música - dos designers José Albergaria e Rik Backer?

No segundo dia, me deslumbrei - mais uma vez - com os incríveis projetos de Elaine Ramos para a editora Cosac Naify, traduzindo em livros a maneira como o conteúdo serve de âncora para embasar as decisões de projeto. A linguagem pós-moderna dos cartazes e diagramações da dupla alemã Daniela Haufe e Detlef Fiedler foi o suficiente pra deixar qualquer um em profusão. Houveram também os rascunhos e cartazes para peças de teatro de Michel Bouvet. Seus desenhos e cores vibrantes criam um estilo autoral bastante próprio e atraente. Por fim, o ciclo de palestras foi concluído pelas palestras dos japoneses Taku Satoh e Kenya Hara. Cada um com um perfil específico, mas ambos com ideias inovadoras sobre como pensar e trabalhar o design.

O AGI Open foi um evento que permitiu conhecer as diferentes maneiras do design gráfico. Abriu um leque de possibilidades e caminhos que podem ser trilhados por cada profissional da área. Permitiu a mim, lembrar claramente por que escolhi essa profissão e também perceber que as dificuldades enfrentadas são parecidas, mesmo que os cenários em cada país sejam tão divergentes.


Obrigado, designers!




Nenhum comentário:

Postar um comentário