"(...)depois de um tempo, procurar uma cidade pequena, em algum interior. Com poucos habitantes e muito campo aberto. Uma vista toda cheia de grama, com duas ou três árvores perdidas, e céu azul até onde os olhos conseguirem ver. Um clima legal pela manhã e pela noite também. E então, construir uma casa. Nada muito grande, mas tem que ter espaço. Muita madeira na fachada e, na frente, um jardim aberto com luzes penduradas pra tocar violão à noite. No fundo, uma horta pequena para poder inventar saladas diferentes, mas iguais, todos os dias.
Acordar cedo, ao som de 'Jumpin Jack Flash' do Stones, ou de qualquer outra coisa. Pegar uma lata de cerveja dentre as várias empilhadas na geladeira velha. Os dois cachorros grandes, com seus nomes estranhos, sempre correndo por todo lado, em sua hiperatividade. E os amigos sempre perto, dividindo uns Malrboros.
Toda noite ficaríamos juntos, ouvindo música ou tocando violão no jardim. Fazendo dancinhas tímidas e empolgadas, passando baseados, e falando sobre os assuntos mais improváveis possíveis.
No verão, todo mundo vai acordar mais cedo e tomar café da manhã na frente da casa. E depois ficar pegando sol até que, sem querer, acabemos dormindo de novo.
Uns cadernos de mais de dez anos organizados na bancada da cozinha, com um monte de receitas e etc anotadas. Chocolates quentes básicos pro inverno e sorbets exóticos para refrescar no verão. Essas coisas.
Dar um tempo, talvez. Sair rindo e correndo o mais rápido que puder, só pra sentir as pernas gritando e os pés ligeiros na grama. Correr pra bem longe, bem rápido. Sem nada na cabeça e sem muita coisa no coração.
E aí, poder finalmente abraçar o Sol."
[28.11.009]
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