3.10.12

DiaTipo Salvador

Em 2011, movido pelo meu crescente interesse em tipografia, fiz questão de ir ao DiaTipo DF, que aconteceu em Brasília. Achei providencial por dois motivos: o primeiro deles é que havia um amigo meu morando na cidade e seria ótimo visitá-lo; o segundo motivo foi o tema do encontro, que era identidade visual e editoração, áreas que me interessam bastante. No final, não me arrependi de ter ido: o evento foi muito proveitoso em conteúdo e as palestras, na minha opinião, muito ricas. Cheguei, inclusive, a publicar a experiência aqui no blog.

Esse ano, fiquei muito feliz em saber que a edição do DiaTipo aconteceria em Salvador. A proximidade da capital baiana com Aracaju tornaria a ida muito mais fácil, não só para mim, como para colegas. O tema também seria outro fator a parte: a caligrafia foi importantíssima na minha aproximação e entendimento do desenho das letras.

Já posso adiantar esse texto e dizer que Salvador não foi diferente de Brasília. Todas as palestras foram boas como o esperado e com um bônus: o clima incrível da Barra contagiou os participantes com um sentimento amigável muito bom. Como se não bastasse tudo isso, ainda contamos com a participação de Rogério Duarte.

E justamente essa referência do design gráfico brasileiro abriu o evento na noite de sexta-feira, 21 de Setembro. Com uma presença inegável, jeito leve e promovendo um bate-papo interessante com todos, Duarte não só deixou todos admirados, como descontraiu o ambiente logo de cara. Comentando alguns de seus renomados trabalhos e também filosofias que iam desde a militância através do design, até o enquadramento do Tropicalismo como um produto de um momento, e portanto, algo que já passou, ele fez com que minha admiração por ele só aumentasse.

Logo em seguida houve a exibição do filme "Linotipo". Já tinha ouvido falar do longa e achei ótima a oportunidade de vê-lo pois ainda não tinha tido chance. Achei importante enaltecer uma invenção que de fato contribuiu para a área gráfica e das comunicações, mas que muitas vezes é esquecida. No entanto, me desapontei um pouco com o conteúdo e o ritmo filme. Muitas vezes, ele parece um trailer sem fim.

No dia seguinte, Sábado, as atividades continuaram com mais palestras. Dentre tantas coisas boas, relembro Andréa Branco supersimpática fazendo um panorama sobre a caligrafia; e Cláudio Gil, comentando a caligrafia presente na "Carta a El-Rei D. Manuel", de Pero Vaz de Caminha. Além disso houve Tony de Marco, comentando a belíssima e pouco explorada estética do pixo paulista. Isso é muitas vezes deixado de lado, mas a pixação é na verdade uma afirmação de identidade, uma voz expressa num ambiente urbano através de caligrafia vernacular. Uma expressão cultural de identidade muito forte e que ainda hoje sofre marginalização e preconceito. Como consequencia, continua sendo pouco explorada pelo design gráfico formalizado ou pela arte.

O responsável por finalizar o ciclo de palestras foi o calígrafo italiano Lucca Barcelona. Nem preciso comentar aqui que ele estava destruindo muito com seus trabalhos incríveis (para clientes incríveis) e com seu talento muito bem explorado.

Assim como o ano anterior, o DiaTipo atendeu as minhas expectativas com conteúdo interessante e inspirador. E cara, não é todo dia que um fã de tipografia pode se dar ao luxo de ficar o tempo inteiro imerso no que mais gosta. A verdade é que: não tem como ser ruim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário