Pude conferir, há pouco mais de uma semana atrás, a exposição "Impressionismo: Paris e a Modernidade - Obras-primas do Musée d'Orsay", em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo. Como o próprio nome implica, a exposição traz pela primeira vez ao Brasil obras primas do acervo do Musée d'Orsay, um dos mais importantes museus de Paris que reúne obras principalmente do período que vai de 1848 até 1914. Ela pretende fazer um panorama do impressionismo como período artístico que antecede a modernidade. Ao todo, 85 obras ocupam todos os espaços do belo prédio do CCBB no centro de São Paulo.
Só por esses fatos já dá pra imaginar a magnitude da proposta desta exposição, curada por dois nomes do museu francês e por um da Fundacíon Mapfre. Assim, não deveria ter me surpreendido tanto ao chegar ao local e me deparar com uma fila que dava voltas em duas ruas e tinha um tempo médio de espera de 3 fucking horas. Olhei para o céu semicinza da capital paulista, esperando encontrar algum sinal do Deus do Impressionismo. Respirei fundo e, como estava de bobeira durante todo o resto do dia, me posicionei solitariamente ao final da fila. "Tudo pela Arte", pensei.
Depois de três horas, cinco minutos, e alguns sermões do pregador que passava pelo centro e resolveu discursar para todos da fila, eu finalmente entrei na exposição. E realmente, ela ocupa todos os andares do prédio: começando no quarto e terminando no subsolo. Tudo isso sem enrolação, pois as salas estão muito bem preenchidas de obras incríveis. Manet, Monet, Pissaro, Cézzane, Degas, Toulouse-Lautrec, Gauguin, Van Gogh, Renoir... o espaço é tão pequeno para obras tão grandiosas que você até pode ter a impressão de que telas assim são fáceis de achar por aí. Apesar da lotação de visitantes, pude tomar o tempo que precisei para ver as telas, já que estava sozinho. E de fato: o mais legal na exposição "Impressionismo..." é admirar obras-primas de grandes mestres e poder notar in loco, a genialidade destes.
No entanto, se você deixar de lado a individualidade de cada obra e artista, a exposição se torna meio superficial. Mais do que impressionismo, as obras foram reunidas por períodos cronológicos e por temas em comum presentes nessas épocas. Lembro de alguns: a vida moderna surgindo em Paris, o escapismo para o campo, o sul da França como refúgio e inspiração artística. Mas os temas param por aí e poucas explicações são dadas sobre a relação entre eles, e entre cada artista e o movimento Impressionista.
A ideia é mesmo dar uma visão geral do período conhecido como Impressionista. A exposição acaba deixando de lado o movimento e faz um apanhado de artistas diversos em um período de tempo, agrupando-os por temas em comum. Há embasamento, mas nada muito aprofundado. E, apesar de a maior parte das obras serem impressionistas ou possuírem fortes traços, existem várias em que o estilo não é percebido tão claramente assim.
Ainda assim, a exposição é incrível. Uma oportunidade grandiosa mesmo de poder ver tantos clássicos reunidos aqui no Brasil. Se não tem como visitar o Musée d'Orsay, em Paris, essas 3h de fila valem muito a pena.
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