24.11.11

Palestra da Fátima Finizola sobre tipos vernaculares

O R Design norte e nordeste de 2011, que aconteceu há algumas semanas atrás em Caruaru, teve muitos pontos positivos. Foi apenas o meu primeiro encontro de design, mas de acordo com a opinião geral, foi um evento organizado, divertido e com uma ótima participação por parte dos encontristas. Eu poderia citar várias situações muito legais que aconteceram por lá, mas sem dúvida nenhuma, a palestra ministrada pela designer e tipógrafa pernambucana Fátima Finizola foi o ponto mais alto para mim.
Já conhecia o trabalho dela junto com o projeto Crimes Tipográficos, que admiro muito, tanto no sentido da produção que eles tem, como na importância da propagação de uma cultura tipográfica tipicamente brasileira. Sou também fã confesso da 1Rial, tipografia projetada por ela, baseada em letreiros populares. Uso-a sempre que a situação me permite e sou grato pelo fato desse trabalho estar disponível sem custos na web.
No entanto, ainda assim, foi extremamente enriquecedor poder ver o trabalho de pesquisa e também a paixão que ela nutre pela tipografia vernacular urbana. Algo que cresceu em mim também, inclusive, no começo desse ano. A palestra apresentou bastante conteúdo e muito material novo... algo que, começo a perceber, é mais raro do que deveria ser em palestras que tenho frequentado. Ela apresentou, mais brevemente do que eu gostaria, um pouco da classificação tipográfica que ela mesma concebeu, para poder classificar as tipografias vernaculares, além de trabalhos importantes desenvolvidos na área, no Brasil. Nesse último ponto foram mostrados trabalhos como a renomada Brasilêro, de Cristian Cruz, (tipo da qual também sou fã) e tantos outros que não conhecia e que infelizmente não lembro, no momento.
Aproveitei o momento para adquirir também o livro "Tipografia Vernacular Urbana: uma análise dos letreiramentos populares", de autoria dela, o qual já vinha de olho há algum tempo. Ainda não comecei a leitura, mas dada a escassez de material científico específico sobre esse assunto, e dado o interesse de Finizola sobre a área, não tenho dúvidas de que será interessantíssimo. Depois, quando terminar a leitura, escrevo alguma coisa sobre a obra aqui no blog.
O alerta final da palestra foi o esperado, mas ainda nunca suficientemente reforçado: é necessário que os designers brasileiros olhem ao redor e notem aquilo que está ali nativamente e que pode servir como material gráfico interessante e enriquecedor, mas que muitas vezes é despercebido. Acho que essa é a questão que resume o vernacular e acredito que ainda há muito para ser explorado nesse sentido. O design no Brasil ainda é algo novo, com seus 60, 70 anos de atuação e é uma área de efervescência em todo o mundo.
Não é difícil perceber, por exemplo, temas como design thinking ou design for social innovation despontando como novidade no mundo inteiro. O Brasil precisa saber acompanhar esse tipo de tendência com sabedoria, mas sem esquecer da identidade própria e do fazer design brasileiro. Acredito que o vernacular, assim como a arte indígena nativa, possuam chaves poderosas para definir isso aí. Tanto graficamente quanto ideologicamente.

Um comentário:

  1. Dan.s fico feliz que você tenha gostado da palestra! Comentários como o seu são gratificantes! Se quiser se aprofundar no assunto o canal continua aberto.
    Fátima Finizola

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